A escolha das sete maravilhas portuguesas espalhadas pelo mundo, no Dia de Portugal de Camões e das comunidades, constituiu um momento de afirmação e divulgação da portugalidade.
Ao revisitar alguns monumentos referenciados no meu antigo manual de História de Portugal do ensino primário, (ainda os nossos territórios eram d' aquém e d'além-mar em África, no Oriente e na Oceania), senti orgulho pelo que os nossos maiores nos legaram.
A história da expansão portuguesa já não se confina aos territórios conquistados aos mouros, aos índios e aos indígenas. As antigas colónias autodeterminaram-se, sacudiram o jugo económico, social, político e cultural e tentam, agora, construir o seu próprio destino sem perder a matriz da lusofonia.
A história da expansão portuguesa é também a história da emigração de milhares e milhares de compatriotas nossos, açorianos incluídos, que nos finais do século XVIII buscaram o pão com as famílias no sul do Brasil e no Uruguai, nos Estados Unidos, no Hawai e mais recentemente, no Canadá.
Desses milhares e milhares de portugueses perdeu-se o rasto e pouco se investiga, embora não faltem fontes nos países de acolhimento, a atestar os seus feitos e a comprovar a sua herança cultural. Quantos morreram com o sonho de voltar e de reencontrar o cantinho de onde partiram!...
Integrados em meios económica e socialmente mais evoluídos, os açorianos acederam, com facilidade, a níveis de educação superior e muitos ocupam, por via disso, cargos destacados na administração pública e empresarial. Raramente o anunciam quando aqui vêm, ao contrário dos de cá que, pomposamente exibem as suas graduações académicas.
O que quero evidenciar é que o seu amor à terra leva-los-ía, com certeza, a dar contributos apreciáveis, se para tal fossem convidados.
Há dias, um açoriano residente em Lisboa, antigo governante e ex-administrador de uma multi-nacional em Portugal, dizia-me ser de toda a importância reiniciar-se uma séria reflexão sobre o futuro dos Açores, à semelhança das Semanas de Estudo que o Instituto Açoriano de Cultura promoveu na década de 60. E sugeria o convite a quadros técnicos e universitários açorianos residentes no continente e no estrangeiro pois, os seus contributos proporcionariam a descoberta de novas estratégias para o desenvolvimento económico, social, cultural e político do arquipélago.
Quando todos pensavam que a agro-pecuária teria futuro assegurado e os produtos lácteos açorianos mercado qualificado, baixou o preço do leite e o futuro do sector vê-se ameaçado.
Aquando da inauguração da nova fábrica de lacticínios da Bell, foi afirmado o interesse na exportação de lacticínios açorianos para mercados africanos. Fiquei estupefacto e revoltado, pois esperava que essa multi-nacional francesa apostasse em nichos de mercado mais exigentes.
A estratégia comercial anunciada constitui, a meu ver, uma afronta aos nossos produtos e uma desvalorização das suas reconhecidas qualidades.
Uma nova fábrica deveria trazer novos produtos, cujas mais-valias revertessem a favor dos vários agentes económicos da cadeia do leite.
Utilizar ajudas governamentais e comunitárias para fazer mais do mesmo, não! Discordo, frontalmente!
Precisamos de inovar na agro-pecuária, na agro-indústria, na pesca, no turismo, no comércio e nos serviços, nos transportes, na construção e obras públicas, nas novas tecnologias, na administração local, regional e central, nos diversos níveis da formação e do ensino, nomeadamente do universitário, na saúde, etc.
Mas inovar exige reflexão, pressupõe escutar opiniões e saberes dos melhores e mais competentes nas diversas áreas de actividade, que os temos, de alto gabarito, aqui e lá fora.
Está na hora de parar para pensar o curto e o médio-prazo para ultrapassarmos, rapidamente a crise e termos um futuro promissor.
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